Você é a paisagem, de Esther Beltrán

  • 2010

A estrada viaja sozinha. Individualmente. Nada e ninguém de fora pode experimentar, experimentar, o que nossa alma escolheu sentir.

Essa solidão íntima, que tanto tememos, é um grande mestre. É aquele que nos permite discernir e nos conhecer além do caráter externo que fabricamos para nos relacionarmos com os outros.

Esse espaço não é apenas necessário, é essencial nos aprofundarmos em nossa essência. Para se reconectar com ela, para entender quem realmente somos.

Uma vez concluído este trabalho, seremos capazes de nos relacionar com os outros a partir de uma nova perspectiva.

Mesmo que pareça um paradoxo, olhar para dentro é entender melhor o que está do lado de fora, por causa da lei universal que nos diz `` o que está acima está abaixo, o que está dentro está fora ''.

Nosso ambiente será diferente quando mudarmos o ângulo de nossa própria visão e começarmos a ver o mundo com outros olhos. Com os olhos da Alma, com os olhos da Consciência.

Aqueles de nós que foram forçados pelas circunstâncias da vida a encontrar nossa individualidade devem ser gratos. Apesar da dor e do sofrimento, apesar do desespero que a solidão forçada muitas vezes nos causou.

Aprender a transcender é aprender a se sentir bem por dentro. E isso não é uma tarefa fácil.

Compartilhar ansiedades nos faz sentir mais leves. Carregá-los, aceitá-los e deixá-los seguir sozinhos é muito mais pesado. No entanto, quando não há outra opção, essa é a única opção. Transcenda ou sucumba à dor.

O ser humano tende à transcendência, porque por dentro ele sabe que esta é sua principal missão. Transcender é entender que somos muito mais do que vemos, ouvimos, tocamos e sentimos.

Transcender é descobrir nossa divindade.

Enquanto todos os opostos se tocam, a dor e a alegria estão mais próximas do que pode ser assumido a olho nu. A dor profunda nos empurra para um abismo, do qual só podemos retornar transcendendo-a, entendendo que essa dor não passa de sombra da nossa capacidade de amar.

O sentimento de abandono e desamparo, a profunda tristeza, são os opostos da Unidade que são experimentados através do Amor com letras maiúsculas.

Esse Amor para com tudo o que nos permite entender que fazemos parte de uma rede complexa e infinita, e desse plano não há Solidão, nem medo, nem dor, nem tristeza.

Quando admiramos uma paisagem de beleza espetacular, só podemos nos sentir "cheios" do que vemos. Fazemos parte dessa paisagem, não apenas como observadores, mas como parte ativa dessa imagem de perfeição e harmonia.

E, sintonizando essa harmonia, sintonizamos nossa própria essência, que é sem dúvida tão harmoniosa quanto a paisagem.

Aprender é um caminho individual. Compartilhar é o dom de expandir esse aprendizado.

Se você se sentir sozinho, lembre-se: você faz parte da criação mais bonita do universo: você é a paisagem.

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Esther Beltrán (11/3/2010)

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