O Fórum Social Mundial em Madri é consolidado como um ponto de encontro para a transformação global

  • 2010

Daniel Jiménez • 02/03/10 • Na categoria Desenvolvimento Sustentável

FSMM

No último domingo, terminou o Terceiro Fórum Social Mundial de Madri (FSM), após quatro dias intensos marcados pela alta participação em todas as atividades programadas. O balanço feito pela Assembléia dos Movimentos Sociais, organizador do evento, é, portanto, muito positivo e demonstra que este evento já é referência para todos os grupos que lutam para que outro mundo, mais justo, solidário e sustentável, seja possível. Conversamos sobre tudo isso com Carlos Barbudo, um dos porta-vozes do FSM.

Notícias positivas: Que equilíbrio fazem os organizadores do FSMM este ano?

Carlos Barbudo: O equilíbrio que fazemos é realmente positivo e esperançoso. Nesta terceira edição, o FSM estabeleceu-se como um espaço de referência para os movimentos sociais de Madri e grande parte do Estado espanhol. Quase três mil pessoas participaram, demonstrando que o FSM está abrindo um caminho que vale a pena avançar para construir um horizonte de maior justiça social e liderança cidadã.

N +: O Conselho Internacional do Fórum Social Mundial queria que o tema principal deste ano fosse `` outra saída possível da crise ''. Por que você aposta?

CB: Estamos firmemente comprometidos com a participação e a desprofissionalização da política. Somente se os cidadãos recuperarem o controle dos assuntos públicos podemos avançar para um modelo de sociedade em que as pessoas não estejam sujeitas a nenhum tipo de opressão. Somente se esquecermos nossas diferenças e apostarmos nos valores que nos unem, seremos capazes de estabelecer relações frutíferas entre nós e a Terra.

N +: No caso do FSM, este também tinha seu próprio lema. Outro mundo é possível, outro Madri também. Que modelo de cidade é defendido pela capital?

CB: O debate sobre qual modelo de cidade desejamos ganhou grande importância nesta terceira edição. Identificamos que existe um grande vácuo político na articulação das diferentes lutas e experiências locais que hoje ocorrem em Madri. Precisamos fortalecer os laços entre aqueles que defendem um Madri para todos. Temos que lutar para superar o modelo especulativo e segregacionista que o araara Gallard n está desenvolvendo. Nós e nós temos outro palpite: outro Madri é possível; E nós estamos construindo isso.

N +: O FSM é o contador do Fórum Econômico Mundial de Davos. Como você avalia o que aconteceu nessa cúpula?

CB: O Fórum de Davos significou uma reviravolta nas políticas neoliberais que estão tendo conseqüências tão trágicas na vida das pessoas. A fé cega no crescimento econômico continua a presidir a religião econômica que organizações internacionais, como o Fórum Econômico ou o FMI, defendem. A reforma bancária do presidente Obama não funciona; é necessário ir muito mais longe e repensar a maneira como os seres humanos se relacionam entre si e com a Terra. O fracasso retumbante desse tipo de encontro deve ser evidente quando os senhores do mundo são incapazes de chegar a acordo sobre algo tão necessário para o capitalismo quanto a regulamentação do sistema financeiro internacional. Exigimos um banco social que esteja a serviço das necessidades humanas e respeite o meio ambiente. Infelizmente, as medidas propostas por essas organizações vão na direção oposta.

N +: Esta reunião contou com a presença do Presidente do Governo, José Luis Rodrigo Zapatero. Como você valoriza a intervenção dele?

CB: A intervenção do Presidente Zapatero tem sido muito triste. Seu compromisso com a reforma do mercado de trabalho mostra que ela está dobrada à religião econômica de crescimento e eficiência. O empregador deve estar muito feliz quando conseguiu introduzir seu tema principal na agenda do governo. Os cidadãos que ganham a vida com o trabalho devem se preocupar. Zapatero tirou a máscara e mostrou que com seu governo a crise será paga por quem tem menos.

N +: Faltam doze meses para o próximo FSM, mas isso não significa que a atividade da Assembléia dos Movimentos Sociais será interrompida, que permanecerá ativa durante o resto do ano.Que trabalho é feito neste espaço de reuniões?

CB: A Assembléia de Movimentos Sociais, realizada no domingo, valorizou muito o processo de articulação que, lentamente, começou com o primeiro FSM. Nesse sentido, os espaços de reunião serviram para confirmar a necessidade de avançar nessa articulação; surgiram diferentes iniciativas para continuar trabalhando até o próximo Fórum. Essas propostas foram submetidas à Assembléia, no entanto, devido à falta de tempo, esse debate não pôde ser realizado com toda a profundidade necessária, sendo o mesmo adiado para a próxima Assembléia de Movimentos Sociais, que ocorrerá na sexta-feira, 26 de fevereiro. Ficou claro a vontade dos diferentes grupos de participar, a partir da autonomia, das redes que emergem das oficinas: como o aprofundamento das relações entre cooperativas de consumidores e produtores; a extensão de organizações que lutam contra o patriarcado e trabalham em questões de gênero; a gestação de uma plataforma para construir outro modelo de cidade em Madri; ou, em relação à UE, a conexão das contra-cúpulas a serem realizadas em Madri, no âmbito da presidência espanhola.

N +: Finalmente, vamos deixar uma mensagem positiva: outro mundo é possível se ...

CB: Conectamos nossas lutas, construímos a partir do que nos une e não perdemos a esperança.

DADOS DE CONTATO:

http://www.fsmmadrid.org

Foto: Imagem da manifestação realizada no sábado passado pelos participantes do FSM.

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